Leia um trecho da carta:
Não há dúvidas que na sociedade atual, os meios de comunicação são muito mais que recursos de ensino, são agentes sociais que abrem espaços para discussões de tudo o que acontece na sociedade na qual estamos inseridos. Dessa forma não é mais possível que a escola fique alienada aos fatos que se passam a sua volta, ou seja, transmitir conhecimentos que muitas vezes estão ultrapassados ou não fazem nenhum sentido para os alunos pois não fazem parte do seu cotidiano. Utilizando o jornal em sala de aula, pude perceber um grande interesse dos alunos, pois as reportagens ali descritas são fatos reais, que nos afetam direta ou indiretamente e por isso despertam interesse e curiosidade.
(...)
Em agosto, por ser o mês do Folclore, aproveitei a coluna “Frio na Espinha” do Jornal União”, para trabalhar com as histórias de assombração, pois essas histórias também fazem parte do nosso folclore, povoando a imaginação de muitas crianças e adultos. No início desse trabalho, propus o assunto para os alunos para ver como seria a reação deles, pois não é comum as crianças de hoje ouvirem esses “causos” como eram conhecidos antigamente e que fizeram parte da minha infância e da infância de tantas crianças. Comecei a trabalhar com esses textos e me surpreendi com o interesse dos alunos que começaram também a envolver os pais e os avós para saberem mais sobre essas histórias. Os relatos que eles mais gostaram foram “ Fantasmas de bebês não- batizados na Jaguatirica” e “Ela queria voltar para casa”.
O assunto foi contagiando a turma toda e cada dia alguém chegava com uma história diferente sobre assombrações, para contar aos colegas. Acho que o mais interessante foi esse resgate de um costume tão antigo, onde toda a família sentava-se após o jantar e passavam horas contando esses causos que ficaram para sempre na memória das crianças daquela época.
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Fui até a escola, ontem, e descobri que os alunos encenam as histórias, visitam as outras turmas para contar aos colegas e ficam ansiosos pelo dia que o jornal chega. Estimularam os pais a relembrar as lendas da infância e inventam as próprias narrativas. Ou seja, é um caso em que o jornal efetivamente contribui com o processo educacional - num ramo, a literatura, cada vez mais tortuoso de ser trabalhado em sala de aula. Firmei compromisso, com a diretora Valquíria (meio), a supervisora Edicléia (esquerda), a professora Ivone (direita) e a falecida professora Zavatski (ao fundo, em névoa), de voltar lá e contar outras histórias de assombração para a criançada.
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