segunda-feira, 30 de maio de 2011

Experiências de jornalismo policial em Campina Grande do Sul


Com a paciência e modéstia que a edição de um impresso semanal do interior requer, o Jornal União, com sede em Campina Grande do Sul, tem experimentado alguns "desvios de linguagem", especialmente na página policial.


Na primeira matéria que reproduzo, fruto da última edição, há o uso de versos de "Construção", de Chico Buarque, para noticiar a morte de um pedreiro. Nas outras, algo sobre os limites da linguagem popular, gírias e ironias.

O esforço tem rendido bem: o União aumentou sua tiragem e circulação e as matérias ficam na boca da comunidade a semana toda, do prefeito ao agricultor recém-alfabetizado (e não é figura de linguagem: a nova coluna social do jornal publicou, na semana passada, a foto de uma senhora idosa, que acabara de aprender a ler, curtindo as matérias).

Pedreiro executado: tropeçou no ar e agonizou na frente dos filhos

Na noite do dia 22, um domingo, no limite norte de Campina Grande do Sul, o pedreiro Ricardo Alexandre Alves jantou feijão com arroz como se fosse um príncipe. Não demorou, no entanto, para que a lâmpada tremeluzente do barraco revelasse o fim da ilusão de paz e tranquilidade. Os bandidos que entraram na sua casa não esperaram a segunda-feira para que o trabalhador morresse, quem sabe, despencando de uma construção.
Vários disparos nas costas de Ricardo, que tentava fugir e tropeçou no batente da janela da casa como um pacote bêbado. A esposa e seus quatro filhos, de quem não teve tempo de se despedir, assistiram à execução.
Ninguém dali, nem a irmã da vítima, entendeu o crime. Lúcia Alves lamentou: “Ele nunca mexeu com nada errado. Pai de família, trabalhador, agora os quatro filhos vão ficar sem o pai”. Dizem que ele teria sido confundido com o irmão, famoso na vizinhança por se envolver com o que não presta.
Mas segundo o delegado Gerson Machado, Ricardo tinha envolvimento com o tráfico e esse seria o possível motivo de seu assassinato. A delegacia de Polícia Civil de Campina Grande do Sul está investigando o caso. Enquanto isso, a comunidade espera a paz derradeira que enfim vai lhes redimir.

Morto a facadas, queimado e mal enterrado
Os dois assassinos de Reginaldo Bandeira, 24 anos, foram presos pelos agentes da delegacia de Campina Grande do Sul pouco tempo depois da obra inesquecível que aprontaram: eles mataram Bandeira com uma facada no pescoço, queimaram o corpo e ocultaram em uma cova rasa ali pelo km 27 da BR 116, nas imediações da Igreja Visão Missionária, na Barragem.
Por que fizeram isso? Um dos assassinos, Ilson Rodrigues da Silva, 18 anos, revelou que cometeu o crime porque teria sido ameaçado de morte por Reginaldo, com quem tinha uma rixa antiga. Ele chamou Rosevaldo Pereira, 25, para ajudar no serviço. O parceiro tem experiência no ramo: cumpriu pena por homicídio no presídio de Piraquara, de onde saiu em 2009.
Os dois foram autuados pelos crimes de ocultação de cadáver, pelo qual podem cumprir de um a três anos de prisão, e homicídio, cuja pena é de 12 a 30 anos.

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